Climatério e Maturidade

O mundo está envelhecendo. E nas últimas décadas, a terceira idade é o grupo populacional que mais cresceu no mundo. Isto gera problemas demográficos, políticos, de gestão de saúde, etc. Mas, para podermos entender melhor este fenômeno, devemos nos perguntar: O que significa envelhecer? Ficar mais velho não é apenas sentir o tempo passar nem significa virar doente. Os problemas  de saúde podem aparecer, sim, mas, com o avanço da medicina e das práticas de saúde, situações que pareciam incontornáveis há algumas décadas possuem soluções nos dias de hoje. As mulheres, se tiverem hábitos saudáveis e procurarem manter-se ativas física e intelectualmente, poderão ter um envelhecimento saudável com boa qualidade de vida, minimizando e prevenindo sintomas que podem surgir com o avançar da idade.

 Nesta fase da vida, o organismo humano apresenta menor capacidade de adaptação e demora mais tempo para recuperar-se do que o de uma pessoa mais jovem. A probabilidade de surgimento de doenças é maior e a concomitância de mais de uma doença é frequente. O uso constante de vários medicamentos e a redução da função dos órgãos, em especial do fígado e dos rins, aumentam o risco de efeitos indesejáveis dos medicamentos e de intoxicações.

Durante o final do século XX vários aspectos envolvendo o climatério têm sido enfatizados, devida à elevação da expectativa de vida feminina. Em 1850, a expectativa média de vida da mulher era de aproximadamente 40 anos. Já no início do século XX, havia aumentado para 55 anos. Atualmente, no Brasil, a expectativa de vida feminina é de 72 anos. Estima-se que, no início do século XXI, a população feminina mundial com idade superior a 45 anos seja de mais de 700 milhões de mulheres.

Com o avanço das conquistas sociais, a mulher moderna trabalha, participa ativamente das decisões domésticas, bem como dos seus serviços e atua politicamente no mundo. Não raro ela é a cabeça do casal e provê majoritariamente o dinheiro de seu lar. Muitas, ao chegarem aos 50 anos, estão em plena atividade e com uma disposição física que faria inveja às suas colegas de duas décadas atrás.

A média de idade de ocorrência da menopausa tem-se mantido praticamente inalterada ao longo dos anos, ou seja, ao redor dos 50 anos de idade. Pode-se concluir então que, nos dias de hoje, as mulheres passam cerca de um terço de suas vidas em um estado de carência hormonal crônica, com o cortejo de sintomas que acompanham esse quadro, além do fato de serem atingidas pela chegada do climatério no auge de suas carreiras profissionais. Ou seja, quando a coisa está boa: filhos criados, lar estável, projetos sendo concretizados, a menopausa chega bem no meio da festa.

Fogachos, insônia, depressão, ansiedade, irritabilidade, labilidade emocional, diminuição da memória, perda da libido, atrofia da mucosa urogenital, alterações de pele e osteoporose são exemplos de sintomas que podem surgir na clínica da mulher na menopausa. Isto pode afetar e contribuir negativamente para a manutenção das atividades produtivas da mulher.

Essa é uma das razões porque a acupuntura potencialmente teria um papel importante no tratamento das mulheres nesta faixa de idade. Além de praticamente não possuir contraindicações, ela apresenta efeitos benéficos no controle dos sintomas da menopausa, além de auxiliar no tratamento de outras afecções, tais como dor, ansiedade, alterações do sono, sintomas de depressão leve entre outros. Outra vantagem da acupuntura é possibilitar a redução da quantidade de medicação, diminuindo também os seus vários efeitos colaterais, como a gastrite desencadeada pelos antinflamatórios, proporcionando ainda uma melhor qualidade de vida.

A acupuntura é utilizada há milênios no tratamento de doenças. No entanto, ela é muito mais utilizada para a manutenção da saúde e para a minimização dos sintomas de condições clínicas crônicas.  Um dos principais preceitos de acupuntura recomenda aplicá-la conforme as condições da pessoa. Pessoas frágeis e crianças devem ser agulhadas com menor profundidade de inserção e por menos tempo. A estimulação excessiva pode não ser benéfica. A moxabustão  ─ estimulação de pontos de acupuntura através de calor gerado pela queima de uma erva chamada artemísia ─ pode ser indicada para fortalecer o organismo. Não se recomenda o uso da acupuntura em certas situações extremas, como desidratação ou hemorragia severa, nem em pessoas muito debilitadas, famintas ou que comeram recentemente, muito sedentas ou muito assustadas. Pessoas idosas podem reagir mais lentamente ao tratamento.

Há séculos, a medicina tradicional chinesa (MTC) preocupa-se com o envelhecimento. Segundo o Nei Jing, principal tratado de MTC escrito há cerca de 2500 anos, o homem começa a envelhecer gradualmente a partir dos 40 anos e a mulher, após os 35. Para manter a saúde, é recomendado um modo de vida constante e regular com quantidades adequadas de trabalho e repouso, evitar excessos de qualquer espécie (de alimentos, álcool, trabalho, sexo), praticar exercícios adequados à constituição física do corpo, manter o espírito calmo e atitude positiva perante a vida, estar atento e procurar adaptar-se às mudanças climáticas. Seguindo estes preceitos, o indivíduo preveniria doenças, fortaleceria o organismo e poderia chegar até os 100 anos. Esses preceitos milenares são válidos e atuais até hoje e são a chave de um envelhecimento bem-sucedido.